Finalmente e infelizmente nossa aventura terminou. Marcelo e Roger deixaram as motos na BMW de Lima e voltaram de avião ao Brasil. O tempo já estava estourado para ambos, a responsabilidade os chamava, estradas interminadas e 2 dias a mais em Galápagos ultrapassaram em muito o roteiro de 20 dias . Atrasaram a viagem, para completar o roteiro da aventura, optando para que no prazo de 3 meses voltassem ao Peru para buscá-las, iniciando um novo roteiro, descendo de Lima para o Chile e atravessando o Deserto do Atacama, passando tambem pela Argentina, até Foz do Iguaçu, 3.800 Km.
Leo, David e Fernando, completaram o roteiro original até Rio Branco, 8.050 Km rodados.
Abaixo, o relato =
Trecho Rio Bamba Loja ( leia se Lorra) – Por Leo do Balde – 18/9
Saímos desta vez com uma desagradavel sensação de perda ou melhor seria talvez dizer, abandono pq neste dia o Marcelo e o Roger optaram por fazer o passeio de trem o que aumentaria ainda mais o tempo de viagem. Decidimos portanto eu (Leo) o Fernando e o David irmos diretamente ao nosso objetivo, ou seja, voltarmos a Rio Branco de maneira mais direta e rápida possível. Para isto sacrificamos um pouco as fotos e ainda devido ao fato de estarmos agora em um grupo menor, ganhariamos mais agilidade. No caminho passamos em Cuenca e la, durante o abastecimento surgiu um motociclista em uma KTM Adventure branca novinha. Conversando , descobrimos que trata -se do distribuidor da marca em toda o pais e um grande entusiasta do mototurismo e ralis, já tendo participado do Sertões e acompanhado seu filho no Six days que foi realizado no Ceara. Surgiu ali instantaneamente uma amizade e partimos a seu convite para um city moto tour pela ótima cidade de Cuenca . Dali nos acompanhou por uns 100 km em direção a Loja em uma estrada simplesmente linda e no alto de uma serra nos despedimos. Wilson Malo e o seu nome, em torno dos seus 55 anos, e autentico representante dos hospitaleiros equatorianos. Dali seguimos por mais umas 4 horas ate Loja , desta vez uma cidade menor mais não menos agradável. La nos hospedamos no excelente Hotel Howard Jonhsons, e la estavam mais seis outros KTMeiros hospedados todos clientes do Wilson. Conforme ele mesmo havia nos dito a marca e muito forte naquele pais. Antes de nossa chegada la no fim da tarde, surpresa: Chuva! E deu para molhar direitinho meus 2 amigos que não colocaram as capas nas pernas e botas, então montamos uma operacao de guerra no quarto, usando 2 secadores de cabelo para as coisas pequenas e enviando as maiores para a equipe do hotel dar um jeito na sua lavanderia.
Trecho Loja Trujillo – Por Leo do Balde - 19/9
Dormimos vigiando o tempo, rezando para a chuva fina que não parava acabar e deu no seguinte: Saímos equipados e subimos uma serra cuidadosamente em asfalto molhado e do outro lado céu azul e asfalto seco e bem sinuoso onde a vontade de acelerar aconteceu e foi um dos momentos mais rápidos da viagem. O mal tempo não consegue atravessar elevações extremas criando 2 climas distintos a barlavento e a sotavento das montanhas, coisas dos Andes que tivemos oportunidades de ver muitas vezes. As vezes fica difícil se equipar, pq se vc sai da parte alta e desce vai esquentar ou vice versa. Optamos neste dia por passar por outra estrada, evitando assim voltarmos Piura ( feiúra seria mais correto) e foi uma boa. Economisamos 30 km, achamos uma estrada mais vazia e muito nova, fizemos a fronteira um pouco mais rápido e nos mandamos para a boa cidade de Trujillo e teríamos chegado ate cedo se a única moto da turma que usava câmara de ar nao tivesse novamente resolvido achar um prego e deu um pouco de trabalho, por que era domingo a noite e borracheiros não estavam de plantão. Foi um dia duro com 749 Kms rodados. Dormimos muitíssimo bem uma novamente no excelente hotel Libertador e partimos cedinho para Lima
Trujillo – Lima (Por Fernando Pena) 20/9
O dia amanheceu totalmente nublado e úmido em Trujillo, alias a chuva deles é assim, apenas uma garoa fina que se estende ate as 11hs da manha. E la fomos nos por volta das 7 da matina para mais um dia de estrada, foram 575km de Panan, na maior parte em via dupla onde pudemos manter uma media horária acima dos 115km/h. Chegamos cedo em Lima . Ficamos no bonito bairro de Mira Flores, e mais uma vez tivemos dificuldades em encontrar hotéis, estranho mais nesta época do ano, tudo estava lotado em Lima. A noite, como não poderia deixar de ser, mais uma aventura Eno Gastronomica, no excelente Shopping LARCOMAR, que fica literalmente encravado nas rochas da praia que fica a uns 50 m abaixo do nível do shopping. Mais uma noite da chuva local, ou seja nada de pingos apenas uma forte neblina que molha tudo.
Lima – Nazca (Por Fernando Pena) 21/9
Deste dia em diante começamos a nos dirigir para o Oeste deixando o Pacifico e subindo um pouco nas cordilheiras. No caminho paramos para almoçar em ICA, e um motoqueiro local nos perguntou se já tínhamos visitado a Lagoa de Huacachina, que ficava somente a 5 minutos de onde estávamos. Após almoço de tira gosto, Leitao com Mandioca, fomos conhecer a tal Lagoa, na verdade trata-se de um tremendo Oasis, no meio de muitas dunas de mais de 100m de altura, não da para acreditar, so vendo mesmo. Existem vários hotéis e pousadas que ficam neste local, sendo muito freqüentado em qualquer epoca do ano. Como planejado trancamos a mao e chegamos cedo em Nazca, a tempo de apreciarmos as famosas Linhas de Nazca que foram cortadas pela Panamericana na época de sua construção. A beira da estrada existe uma torre metálica que permite observar as varias linha que formam figuras e que foram executadas pelos antigos Incas. Nos dirigimos mais uma vez para o excelente Hotel Nazca Lines, e após o jantar participamos de uma apresentacao exclusiva para os 3 Motokambadas , que foi feita no Planetario que foi construído dentro do próprio Hotel, são 45 min de apresentação de toda a historia dos Incas e de suas linhas, e após a apresentação, existe um tremendo telescópio eletrônico para observação de estrelas e planetas do cosmos. Como dissemos Motokambada também e CULTURA. Neste dia foram apenas 438km
Nazca – Cusco (Por Fernando Pena) 22/9
Comecamos este dia bem cedinho, na esperança de tudo dar certo, mas por incrível que pareça, erramos o roteiro em quase 80km, entre ida e volta ao ponto correto, coisas que não entendemos na hora mas deve ter um tremendo significado, pois o GPS nos mandava para uma direção diferente da real. Recuperados da situação aproveitamos para reabastecer e subir a cordilheira no sentido correto, daí para frente são simplesmente 650km de curvas , EU DISSE CURVAS, daquelas de poder ver o numero da placa da moto. Quem não tiver preparo físico certamente levara mais do que as 12 hs de tocada que levamos, pois as medias são muito baixas. Chegamos em Cuzco com a sensação de um termos finalizado uma etapa do Rally dos Sertoes, coisa que os 3 motokambadas sabem do que se trata pois todos nos participamos desta prova.
Cusco - Puerto Maldonado (Por Fernando Pena) 23/9
Estavamos esperando um dia muito frio pois iríamos atravessar o ponto mais alto de toda a Cordilheira dos Andes em toda a sua extensão, com exatos 4723m de altura, mas para surpresa nossa o dia estava esplendoroso, com um sol brilhante e temperatura super agradável, por volta dos 11 C, diferente de quando atravessamos na ida, quando pegamos 1,5 C e muita neblina. Como descrevi o dia estava lindo e luz era perfeita para boas fotos, embora tivéssemos combinado não parar alem dos abastecimentos, não pude resistir as belas paisagem e sai registrando o que podia, tanto filmando quanto fotografando. No final da travessia no pe da montanha, numa cidadezinha chamada Marcapata, e após um trecho de uns 8 km de pura pedra, pois a estrada ainda não esta finalizada, conhecemos um peruano típico numa moto chinesa de 125cc, que simplesmente atravessa este trecho da montanha com um casaquinho sem vergonha, de alpercatas e meia de nylon e nem usava luvas, conclusão: nos achamos uns “bostas”, com todos aqueles equipamentos futuristas. Como o trecho era de apenas 488km, ou seja curto para nossas ultimas rotinas chegamos no final da tarde em Puerto Maldonado e pudemos arrumar as tralhas para o ultimo dia da viagem e dormir mais cedo.
Puerto Maldonado – Rio Branco 24/9 (Por Fernando Pena)
Já podíamos começar a sentir saudades da nossa aventura, todos já curtindo cada curva daquela estrada, embora com muitos trechos ainda em construção, inclusive dentro do leito do rio que a estrada margeia. Este trecho é marcado por uma intensa vegetação típica da região Amazonica e muito linda pois faz parte da imensa cordilheira andina chamada Vilcanota. Na parte mais plana, percebemos varias invasões de peruanos bem na beira da etrada, talvez na expectativa de fundar povoados a beira da estrada TransPacifico que se configura como uma realidade para um futuro próximo, pois sua inauguracao oficial esta marcada para a primeira semana de Dezembro deste ano. Neste trecho percorremos 572km ate chegada em Rio Branco – AC, onde fomos recebidos no final da tarde pelo seu Oswaldo Xavier Dias e seu filho Marcelo, donos da revenda Honda Star Motos, e tratados como hospedes especiais, com muita atenção e carinho. Cabe uma rápida apresentação do seu Oswaldo que foi o pioneiro na atravessia do Brasil ate o Pacifico, isto em 1995, e em 2003 fez a primeira viagem comercial de um caminhão brasileiro em terras peruanas, para saber mais consulte o site: projeto pacifico no Google. Gostariamos também de registrar nosso agradecimento ao Prefeito de Rio Branco o Sr. Angelim e seu Secretario de Turismo Sr. Cassiano que nos deram total apoio em nossa estadia e também ao Lauro do Hotel Inacio que nos ciceroneou na Belissima capital do Acre.
Da Viagem ( Por Fernando Pena)
Se sentir como menino que espera o Natal, com aquele frio na barriga na véspera de receber o presente. Era esta a sensação que vivi na ultima semana antes da viagem. Ao chegar em Rio Branco e botar a mao nas maquinas esta sensação era compartilhada por nos 5, que viveríamos a partir daquele dia um sonho em comum, uma grande viagem de motos e um roteiro ate então inédito. Foram vinte dias de muita curtição, gozação, aprendizado, e acima de tudo amizade, que a cada dia se consolidava mais e mais. Se pudesse definir um futuro sinceramente gostaria de estar com a mesma turma nas próximas aventuras. Valeu a todos.